

IMPERATRIZ
Desfila na 6ª Feira, 22/04, a partir das 21h30
Situada na Rua Professor Lacê, próximo à estação de Ramos, a Imperatriz traz na sua bandeira os laços de identidade com a comunidade dos bairros da Leopoldina. Ao contrário do que muitos pensam, a coleção de estrelas enfileiradas não representam títulos conquistados, mas as estações ferroviárias que compõem a antiga malha suburbana.
SAMBA-ENREDO
“Meninos eu vi… onde canta o sabiá,onde cantam Dalva e Lamartine”
Autores: Gabriel Melo
Intérpretes: Arthur Franco e Bruno Ribas
Eu ainda era menino
À luz de um nobre destino
O dom de tocar corações
E você era menina, suspirando poesias
Entre versos e estações
Quando a mão do grande professor
Nosso caminho em ouro enfeitou
Fui da ribalta à Avenida
Você tão linda foi cenário de amor (lá, lá, lá, lá, lá, lauê)
Fiz da orquestra da folia
O manequim das fantasias
Que João noutro tempo rasgou
Pega na saia rendada… pra ver o que eu vi!
Espelho da raça encarnada… Xica e Zumbi!
E descobrir novos Brasis na identidade
Canta, Salgueiro, ô, salve a Mocidade!
Lembro que o Imperador
Me levou pra ser rei em sua Assíria
Amanheceu e nós dois
Fomos uma só voz no altar da Bahia
Brilhei… neste palco iluminado
Dancei… Sabiá cantou meu apogeu
Numa derradeira serenata
Sonhei com Dalva e fui morar com Deus
Seu samba nascendo no morro
Ecoa do povo e ressoa no céu
Desperto em seus braços de novo
No mais belo traço da flor no papel
Se a saudade é certeza
Um dia a tristeza será cicatriz
Eterna seja! Amada Imperatriz!
Vem me encantar!
Volta pro seu lugar!
Seu manto é meu bem-querer
E lá do alto o Pai Maior mandou dizer
Quem viveu pra te amar, seguirá com você
Copyright: Editora Musical Escola de Samba Ltda.

ENREDO
"Meninos eu vi… onde canta o sabiá, onde cantam Dalva e Lamartine”
Carnavalesca: Rosa Magalhães

La la la la lauê
Fala Martim Cererê!
Vem cá, Brasil,
Deixa eu ler a sua mão, menino,
Que grande destino reservaram pra você”.
A música tocava todos os dias na novela de Dias Gomes, uma adaptação de Romeu e Julieta passada num subúrbio do Rio. Não sei quem era Montechio ou Capuleto – mas a música nos levava ao subúrbio, a uma escola de samba.
Foi Fernando Pamplona que sugeriu a Dias Gomes, autor da novela, que tomasse a pequena e desconhecida escola de samba de Ramos como sede de sua locação. Ficou conhecida a escola, seu compositor Zé Catimba e o magnífico samba, cujos versos previam um futuro grandioso para um menino que ainda jovem entrou para o Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Seu nome era Arlindo Rodrigues.
Lá conheceu Fernando Pamplona no setor de Cenografia e Montagens. Aprendeu rapidamente e logo se tornou um colaborador nas invencionices do amigo Fernando. Foi assim que entrou em contato com a escola de samba Acadêmicos do Salgueiro. Para lá foi Fernando, para lá foi Arlindo. E juntos fizeram os desfiles tomarem outros rumos – “que grande destino reservaram pra você…” Adicionaram elementos de espetáculos teatrais – como colocar fantasia na bateria – uma inovação –, utilizar proporções grandiosas para os trajes, bordar em grandes espaços, dando visibilidade aos desenhos, e a utilizar de materiais inusitados como os espelhos, que foram substituir as luzinhas, tão em voga na época embora ineficientes. Os temas eram absolutamente inéditos, criando uma nova vertente para enredos cujas histórias não constavam dos livros escolares, como a de Zumbi dos Palmares, de Chica da Silva e de tantos outros, dando ênfase a assuntos ligados a negritude. Muitos desses enredos acabaram virando filmes, dado o sucesso que alcançaram.
Um dia, Arlindo resolveu mudar de ares e de escola de samba, e foi para a Mocidade Independente de Padre Miguel. Deu Arlindo na cabeça! O enredo Descobrimento do Brasil conseguiu desbancar as outras concorrentes, deixando até mesmo o Salgueiro de seu amigo Pamplona para trás.
Foi o primeiro campeonato da escola de Padre Miguel. Alguns temas tinham forte cunho nacionalista. Arlindo dirigira um espetáculo no Theatro Municipal com música de Villa Lobos intitulado Descobrimento do Brasil. Pois virou enredo em várias ocasiões sob ângulos diferentes.
A Canção do Exílio lhe serviu de referência para o desfile da Imperatriz em 1982, “Onde canta o Sabiá”, e foi um representante do romantismo em sua obra. Em cada carnaval, um novo Brasil nos era apresentado através de suas interpretações da cultura do nosso povo.
Depois de uma breve permanência em Padre Miguel, aceitou o convite para assumir o carnaval da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, a convite de seu presidente Luizinho Drumond. Escolha acertada, e o presidente, disposto a levar sua escola para ficar entre as melhores dos desfiles, deu carta branca ao carnavalesco. Novamente a estrela de Arlindo iria brilhar.
E Gonçalves Dias influenciou sua obra, impregnada de nacionalismo romântico com toques do modernismo de Villa-Lobos e de seu Descobrimento do Brasil, a negritude na louvação à Bahia e ao Carnaval de Lamartine. Por uma dessas incríveis coincidências, Arlindo conhecera pessoalmente Lamartine, que era júri de concurso de quadrilhas em Ramos, sendo Arlindo o criador do troféu desse mesmo concurso.
“Eu vou embora, vou, no trem da Alegria, ser feliz um dia…” Seria uma alusão à estrada de ferro que passava em Ramos ou ao trenzinho caipira do Villa-Lobos?
Inquietos, tanto o presidente Luisinho quanto Arlindo, depois de separados por um tempo, voltaram a se encontrar para celebrar a Estrela Dalva. Novamente o teatro se misturou ao carnaval, pois o espetáculo Dalva lotava todos os dias o Teatro João Caetano. Foi nesse ano que a estrela Arlindo se apagou, deixando lembranças de grandes criações tão brasileiras.
Vendo o programa do espetáculo Descobrimento do Brasil, notamos mais um de seus achados. Na lista de aderecistas, na ficha técnica, um deles se destaca: João Jorge Trinta, que viria a se tornar um grande carnavalesco.
Eles viveram tudo que contei, mas eu… meninos, eu vi.
Bibliografia:
Zé Katimba – antes de tudo um forte – Luiz Leitão ´Acervo universitário do Samba – vol 2 – 2016
100 Anos de Carnaval no Rio de Janeiro – Haroldo Costa – editora Irmãos Vitale 2001
O Maior Espetáculo da Terra – Luiz Carlos Prestes – editora Lacre – 2015
Wikipedia – Acadêmicos do Salgueiro
Enredo – Onde canta o sabiá – 1982- gres Imperatriz Leopoldinense
Enredo – Estrela d’Dalva – 1987- gres Imperatriz Leopoldinense
Catálogo da Exposição – Arlindo Rodrigues Carnavais de Arlequins e querubins -Dr Ricardo Lourenço – idealizador e curador.
FICHA TÉCNICA
Fundação: 06/03/1959
Cores: Verde, Branco e Ouro
Presidente de Honra (In Memoriam): Luiz Pacheco Drumond
Presidente: Cátia Drumond
Carnavalesca: Rosa Magalhães
Mestre de Bateria: Lolo
Rainha de Bateria: Iza
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Thiaguinho Mendonça e Rafaela Theodoro
Comissão de Frente: Thiago Soares
Quadra: Rua Prof. Lacê, 235 - Ramos - Rio de Janeiro - RJ - CEP. 21.060-120
Barracão: Cidade do Samba (Barracão nº 14) - Rua Rivadávia Correa, nº 60 - Gamboa - CEP: 20.220-290
Telefones:
Follow